Falando de Jornalismo
Introdução
No Brasil, ainda há divergências entre os pesquisadores se o jornalismo pode ou não ser considerado ciência. A pesquisa em comunicação, entre outros objetivos, busca entender a epistemologia do jornalismo, os meios de comunicação, os elementos que interagem no processo comunicativo, as formas e processos de informação, o jornalismo enquanto profissão e os setores do mercado de trabalho.
Esse artigo discute a relação entre a ciência do jornalismo e o seu processo de profissionalização e mostra que um dos fatores por esse processo não estar sedimentado deve-se justamente ao fato do jornalismo não ser considerado ciência no Brasil. A discussão fundamenta-se nos campos da sociologia das profissões e na ciência da comunicação. Jornalismo: ciência ou não?
Meditsch (2002) discute se o jornalismo é uma forma de conhecimento, apontando três abordagens diferentes. Na primeira, o autor distancia o jornalismo de ciência justamente por ele não se utilizar de um “método científico”, no seu sentido positivista, ao realizar a elaboração de uma reportagem.
Essa posição, também utilizada pela Escola de Frankfurt, situa o jornalismo como uma ciência mal feita e às vezes perversa e degradante por falar de todos os assuntos de forma superficial. Na segunda abordagem, o autor cita Robert Park (1940) ao mostrar que o jornalismo possui uma forma de conhecimento da observação do cotidiano e da vida humana, o qual ele denomina de “conhecimento da realidade”, com uma sistemática semelhante à produzida pelas ciências. A terceira abordagem apontada por Meditsch enfatiza o que o jornalismo tem de único, é justamente a sua forma diferente de revelar a realidade, ilustrando aspectos que os outros modos de conhecimento são incapazes de mostrar. Enquanto a ciência procura estabelecer as leis que regem um fato e suas relações, o jornalismo tem a sua força na singularidade do próprio fato. O autor ressalta ainda que o