Falando da sociedade
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2009. 308p.
THIAGO BRANDÃO PERES
Howard Becker é reconhecido mundialmente por sua notável riqueza e curiosidade intelectual.
O sociólogo americano é autor de uma extensa e influente obra. Dentre seus inúmeros livros, destacam-se: Outsiders: Studies in the Sociology of Deviance (1963); Uma teoria da ação coletiva
(1977); Art Worlds (1982) e Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais (1993).
Integrante da prestigiada Escola de Chicago, encontra sensível ressonância na ciência social brasileira, em particular na literatura antropológica. Seus estudos enfatizam a pesquisa de campo e o controle rigoroso do trabalho empírico. Entusiasta da atividade intelectual do nosso país, publica na revista Sociological Theory, “um simpósio com textos de autores brasileiros” (Velho, 2002,
p.11) intitulado Social Theory in Brazil, em 1992.
O recém-lançamento de Howard Becker,
Falando em Sociedade: ensaios sobre as diferentes maneiras de representar o social (2009) examina os limites e as possibilidades da atividade representacional. Traduzido por Maria Borges e revisado por Karina Kuschnir, o livro consiste, sobretudo, em um esforço teórico cujo objetivo é debater a representação, abordando-a como uma atividade coletiva. Dividido em duas partes, respectivamente,
Ideias e Exemplos, a organização de Falando da Sociedade assemelha-se a uma “rede de pensamentos e exemplos” (Becker, 2009, p.11), pois sua forma, similar ao hipertexto, libera o leitor de uma ordem obrigatória de leitura.
Nos dois primeiros capítulos, Falando da sociedade e Representações da sociedade como produtos
organizacionais, o autor sintetiza a perspectiva que permeará todo o livro: levar em conta as dimensões analíticas que outros campos (ou mundos, para utilizarmos a terminologia do autor) como cinema, fotografia, a dramaturgia, romances,