FACEMG
O relato abarca as seis semanas que antecedem a degola. Atordoado por portentoso sofrimento psíquico, o condenado tenta amenizar o inaceitável absurdo de estar ciente de sua hora, aventando sobre quantos, sem o saber, não morrerão antes dele, quantos não caminham e respiram e, no entanto, passarão à sua frente, para depois reconhecer no funesto, o abominável de sua situação.
Enfim, mas o que temos é, de fato, a condenação à morte, que autor vem mostrar que também não é fácil. Como ele permite que o próprio personagem fale, acaba por dá voz a todos os pensamentos deste, e faz com que nós consigamos sentir aquela dor com ele. E uma das partes mais difíceis, mais dolorosas, é o encontro dele com a filha.
Quando vamos chegando no final, ele está indo para o derradeiro momento e acabamos por presenciar o caráter de circo que aquilo tinha. As pessoas começam a vender lugares, procurar boas posições, é uma algazarra, e é quando ele, indignado, tem vontade de perguntar quem quer o lugar dele. É bem forte.
Muitas partes do livro me chamaram a atenção, principalmente, por esse tema ser sempre e cada vez mais atual. Vivemos aqui no Brasil uma situação de muita violência e temos muitos apelos à pena de morte.
É, como ele diz, "uma autópsia intelectual" de um condenado, que acaba por nos fazer rever nossas posições.
Vale observar que na época em que o livro foi publicado, a ideia do livro foi lançada para ser absorvida pelo público, entretanto, o autor já divisava um objetivo maior, ou seja, atingir o senso comum de que não somente aquela