Extração de argila
Sem apoio de instituições de pesquisa, os extratores de argila no distrito de Icoaraci, conhecidos como barreirenses, se valem de métodos arcaicos para abastecer as olarias locais. A princípio, este fato parece apenas dar um charme a mais à cerâmica produzida em Belém. No entanto, o atraso dificulda a venda para o exterior, onde a demanda dos consumidores e sua exigência por qualidade são acentuadas.
Entre os indígenas antigos, a modelagem da cerâmica cabia às mulheres. Os maridos tinham a tarefa de retirar o barro das várzeas, e prepará-lo para ficar mais consistente. Após pronta, a peça era aquecida em fogueiras a céu aberto. Hoje em dia, há poucas diferenças. A modelagem passou a ser trabalho também masculino e o aquecimento da cerâmica ainda é feito principalmente em fornos a lenha, não mais em locais públicos.
O método de extração do barro feito por John Roosevelt Monteiro, de 46 anos, é o mesmo que lhe fora ensinado em 1968. Seu professor, um vizinho amigo da família, hoje com 86 anos, ensinou apenas o que aprendera de seus pais quando era criança, o que, por conseguinte, aprenderam dos descendentes, sempre sem grandes mudanças no método de retirada da argila.
Pouco muda o fato de, atualmente, Roosevelt ser presidente da Associação de Barreirenses de Icoaraci (Abic), fundada há cinco meses. Sua canoa de madeira movida a remo é semelhante às usadas há séculos. As pás que fatiam blocos de barro são do mesmo modelo, assim como não mudou a avaliação do tipo de argila que é rejeitado e o tipo valioso.
A maior mudança de hoje em relação à época em que tinha sete anos, quando Roosevelt começou na atividade, é que o barro extraído atualmente fica a mais de três quilômetros de distância igarapé adentro. Antigamente, bastava remar por alguns minutos para encontrar argila. Depois de remar por meia hora pelo igarapé Livramento - um braço do rio Paracuri -, Roosevelt e seus dois empregados chegam a uma área de reserva, cedida,