Exogamia em "As Estruturas Elementares do Parentesco"

AS ESTRUTURAS ELEMENTARES DO PARENTESCO – LÉVI-STRAUSS
Lévi-Strauss entende como pertencente à esfera da natureza aquilo que há de universal, em oposição ao domínio da cultura, onde se inserem as regras. O tabu do incesto pertence simultaneamente a ambas as dimensões, o que o torna uma espécie de limiar entre o natural e o cultural. Para o autor, o incesto é uma regra universal, e, portanto, ímpar. É também, nesse caso, uma síntese – algo surgido da dialética entre dois domínios diversos. Ele é natural, sem jamais ser completamente biológico, e é cultural, contrastando, dessa forma, com sua universalidade.
A proibição do incesto é, portanto, uma regra, e se confunde com a regra de exogamia. Ao proibir que o homem despose uma mulher de seu próprio núcleo, o tabu do incesto obriga que ele busque o matrimônio em outro lugar. A regra é, nesse sentido, dual – ao mesmo tempo em que veta (aspecto negativo) ela seleciona, ou seja, a proibição é simultaneamente uma prescrição. Isso se dá da seguinte maneira: a proibição do incesto exclui algumas mulheres de serem desposadas por determinados homens; estes homens, então, “doam” estas mulheres para outros grupos aos quais o acesso não é impedido.
Partindo desta reflexão, o autor infere que o tabu do incesto institui a
"troca de mulheres" – condição que torna possível a existência da família, das alianças e do parentesco. Ao oferecer uma de suas mulheres, o grupo está afirmando o seu direito de receber o mesmo em troca – como em qualquer outra dádiva. A reciprocidade faz com que se perpetue a troca de mulheres de modo que todos os grupos formem alianças e sejam contemplados. A doação de mulheres é, portanto, uma aliança entre homens, e não entre um homem e uma mulher, como poderia se imaginar em uma situação de matrimônio. É através dessa troca que se traduz os acordos entre os grupos, e em um prisma mais amplo, é através dela que se institui o parentesco uma vez que destas conexões entre grupos e