Exercicios preparatórios
O canto do guerreiro (Gonçalves Dias)
I
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
- Ouvi-me, Guerreiros.
- Ouvi meu cantar.
II
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me;
- Quem há, como eu sou?
Análise: Na pergunta feita pelo guerreiro, podemos identificar uma outra, implícita: quem há como os brasileiros, descendentes de seres tão nobres?
Assim tem início, em poemas como esse, a construção de uma imagem de nacionalidade definida pelos símbolos pátrios.
O cenário é a selva, composta por uma natureza intocada pelos colonizadores. O eu lírico relata feitos de guerra e caçadas, atividades frequentes dos povos nativos da
América. As características dos indígenas são sempre positivas e enaltecedoras: bravura, honra, lealdade.
Para o poeta, a história a ser resgatada não pode ignorar a chegada dos portugueses e o massacre das tribos indígenas. Por isso, em “Deprecação”, o eu lírico dirige um apelo ao deus Tupã:
Deprecação (Gonçalves Dias)
Tupã, ó Deus grande! cobriste o teu rosto
Com denso velâmen de penas gentis;
E jazem teus filhos clamando vingança
Dos bens que lhes deste da perda infeliz!
(...)
Anhangá impiedoso nos trouxe de longe
Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.
E a terra em que pisam, e os campos e os rios
Que assaltam, são nossos; tu és nosso Deus:
Por que lhes concedes tão alta pujança,
Se os raios de morte, que vibram, são teus?
Análise: Com a popularidade alcançada pelos poemas de Gonçalves Dias, o projeto literário da poesia da primeira geração ganha força. Os brasileiros vão tomando contato com os heroicos guerreiros indígenas que lutaram contra os conquistadores portugueses.
Como ancestrais, os índios se moldam perfeitamente ao papel