Eu mesma
Curso de Psicologia – 6° Período
No caso do menino de 2 anos e 9 meses, quando ele foi visto pelo analista era completamente inexpressivo, inerte, capaz de comunicação. As tentativas de envolvê-lo em brincadeira eram infrutíferas e ele parecia não ter reação alguma aos eventos que o cercavam. No entanto, cada vez que era anunciada a chegada iminente de sua mãe, o eczema explodia na forma mais severa. De maneira interessante, o desaparecimento dos sintomas coincidiu com sua habilidade de brincar e se envolver em jogos violentos, sádicos, atuando com um grupo de bonecos e expressando, assim, mais abertamente a agressão direcionada a outras pessoas. Podemos nos perguntar se todo e qualquer sintoma somático, não é fonte de respostas que envolvem sentimentos de prazer e dor, sendo, portanto, uma sombra da sexualidade. Um médico pode perguntar ao paciente se ele coça a eczema, mas não vai tentar descobrir se ele sente prazer com isso.
Digamos que um agente externo cause uma reação na pele de um paciente, sem nos preocuparmos com a possível existência de fatores psicológicos nessa reação inicial. O paciente usa medicação para remoção
Continuação
dos sintomas, mas, ao mesmo tempo, não consegue parar de se coçar. A coceira agrava a condição e o paciente jura que vai parar de agir assim. Mas deve haver um prazer perturbador em se coçar. O paciente então vive o conflito entre prazer e proibição. O desejo de coçar entra em conflito com a consciência de que coçar é proibido. Afinal, proibição cria desejo. A batalha entre tocar e não tocar pode se tornar associada inconscientemente a problemas relativos à masturbação e fantasias ilícitas. O sintoma pode começar a funcionar tanto como fonte de prazer, embora repugnante, como de punição por esse prazer.
O exemplo mostra a importância da atenção detalhada às histórias do indivíduo. Isso deve incluir uma exploração de que função um sintoma terá em cada caso único. Sugere-se que o médico