Pode-se dizer que A Corporação é um documentário notável e que diz a que veio: dar um choque de realidade nas pessoas iludidas pela desfaçatez conveniente das corporações, que divulgam uma boa imagem, mas escondem as mazelas provocadas pela sua busca sem escrúpulos pelos lucros, à moda Rubens Ricúpero, ex-Ministro da Fazenda brasileiro, que disse não ter escrúpulos, e que seria capaz de faturar em cima do que faz de bom, e esconder o que é ruim, como captado, em off, certa vez num estúdio jornalístico da Rede Globo (DINES, 2013). Com foco central nas grandes organizações capitalistas, que conhecemos nas aulas de geografia como multinacionais e holdings, o documentário revela um panorama complexo e apresenta as corporações na visão de intelectuais, ativistas das mais diversas causas socioambientais, analistas de mercado e também representantes das próprias corporações. Ou seja, todos os lados são ouvidos e se mostram honestos nas suas análises. Dentre os entrevistados, figuram Noam Chomsky, professor de filosofia e literatura no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o famoso MIT; Michael Moore, o polêmico diretor de Fahrenheit 11/9, que explora pontos de vista muito incômodos sobre o combate ao terrorismo para os governantes estadunidenses; e a ativista Vandana Shiva, indiana de renome mundial atuante feminista pelas causas ambientais e a mobilização feminina. As mais de duas horas e 25 minutos de vídeo, apresentadas inicialmente de uma forma mais leve e convidativa, ficam cada vez mais densas em análise e terminam com uma mensagem mais otimista, de que nem tudo está perdido. Quem assiste ao documentário comprometido em conhecer a fundo o tema pode assistir a toda a produção sem maiores problemas com o tempo de duração. O tema é, de fato, instigante e aborda em conjunto as origens das corporações estadunidenses, a gênese da ideia de pessoa jurídica no ordenamento jurídico estadunidense, o perigo da irresponsabilidade do mercado financeiro, a