Etica e Psicanalise
A psicanálise introduz um conceito novo, o inconsciente, que limitava o poder soberano da razão e da consciência, além de descontar a sexualidade como força determinante de nossa existência, nosso pensamento e nossa conduta.
No caso da ética, a descoberta do inconsciente traz consequências graves tanto para as ideias de consciência responsável e vontade livre como para os valores morais. A psicanálise revela: somos nossos impulsos e desejos inconscientes e se estes desconhecem barreiras e limites para a busca da satisfação e, se conseguem a satisfação burlando e enganando a consciência.
Mais grave, é a consequência para os valores morais. Em lugar de surgirem como expressão de finalidades propostas por uma vontade boa e virtuosa que deseja o bem, os valores e fins éticos surgem como regras e normas repressivas que devem controlar nossos desejos e impulsos inconscientes. Os valores e os fins são impostos ao sujeito por uma razão oposta ao inconsciente e, portanto oposta ao nosso ser real. A razão não seria uma ficção e um poder repressivo externo incompatível com a definição de autonomia?
A psicanálise mostra que somos resultado e expressão de nossa historia de vida, marcada pela sexualidade insatisfeita, que busca satisfações imaginarias sem jamais poder satisfazer-se plenamente. Também mostra que nossos atos são realizações inconscientes de motivações sexuais que desconhecemos e que repetimos vida afora.
Do ponto de vista do inconsciente mentir, matar, roubar, seduzir, destruir, temer, ambicionar são atos simplesmente amorais, pois o inconsciente desconhece valores morais. Comportamentos que a moralidade julga imorais são realizados como autodefesa do sujeito para defender sua integridade psíquica ameaçada (real ou fantasiosa).
Rigor do superego
A psicanálise mostrou que uma das fontes dos sofrimentos psíquicos, causa de doenças e de perturbações mentais e físicas, é o rigor excessivo do superego, ou seja, de uma moralidade rígida, que