Ética e Psicanálise
Escrito por Joviane Aparecida de Moura | Publicado em: 27 de Agosto de 2009
Nesse trabalho desejamos (wünschen) pensar a Ética como uma possibilidade de reflexão sobre a profissão do analista e sua relação lógica com a realidade, no que se refere a sua aplicação prática e seus efeitos terapêuticos. Acreditamos que a Ética é o que possibilita legitimar a Psicanálise dando-lhe significado.
É a Ética que da forma e contornos à Psicanálise, toda a sua conceituação teórica e método terapêutico, suas formas de tratamento e suas possíveis curas implicam a Ética e se fundamentam na Ética. Por considerarmos que não é possível falar em psicanálise sem falar em Ética, abordaremos seus conceitos sob uma perspectiva Ética, em uma tentativa de esclarecer alguns pontos da teoria que por sua vez podem ajudar na compreenção dessa Ética.
Não há clínica sem ética assim como não há psicanálise sem psicanalista. Do psicanalista se exige o dever de “saber manejar a transferência sem perder-se nela” (Lacan, 1997).
Nenhum autor detém a totalidade do saber sobre o inconsciente e seus efeitos, e nenhuma proposta clínica é capaz de dar conta de todas as formas de sofrimento psíquico. A psicanálise é uma práxis. Sigmund Freud inventou a Psicanálise como uma práxis. Uma práxis regida pela ética do desejo inconsciente e pelo compromisso que se estabelece entre o sujeito e o seu desejo.
E considerando que a formação do psicanalista não pode se dar apenas na leitura de livros e nos bancos de universidades; abordaremos a Ética na sua relação com a clínica em consonância com o discurso de Freud: na discussão sobre o ensino da psicanálise presente nas suas ‘Conferencias Introdutórias Sobre Psicanálise, 1915; nas considerações acerca da ética no manejo do paciente em A Psicanálise “Silvestre” (1910); e em um outro texto do Freud de 1927 “A questão da análise leiga” que discute a formação do analista.