A Etica e a Psicanalise
Em 1930, um médico vienense chamado Sigmund Freud – o criador da psicanálise – publicou um livro com o sugestivo título "O mal estar na civilização". Nessa obra, Freud fez um diagnóstico do processo civilizatório e constatou que os seres humanos estão condenados a viver nesse conflito irremediável entre as exigências pulsionais (a liberdade) e as restrições (as leis). Freud Retoma a clássica questão aristotélica que atravessa toda a história ocidental: O que os homens pedem da vida e o que desejam nela realizar? A resposta é categórica: a felicidade! Os homens querem ser felizes e assim permanecer. “Toda ação tem em vista a conquista da felicidade”. Par analisar por que nos afastamos desse propósito, Freud apresenta uma reflexão decisiva para pensarmos a Ética civilizatória como processo de felicidade: “Grande parte das lutas humanas centraliza-se em torno da tarefa única de encontrar uma acomodação conveniente isto é, uma acomodação que traga felicidade entre essa reivindicação do indivíduo (liberdade) e as reivindicações culturais do grupo (leis), e um dos problemas que incide sobre o destino da humanidade é o saber se tal acomodação pode ser alcançada por meio de alguma área específica da civilização (religião, ciência, filosofia, arte) ou se esse conflito é irreconciliável”. A posição de Freud é clara: o conflito é irremediável. Esse conflito sempre vai existir! A tarefa da civilização é humanizar esse animal racional chamado homem. Acompanhando os argumentos de Freud na obra citada, podemos encontrar elementos para caracterizar o processo civilizatório construído pelos seres humanos. A civilização é concebida como tudo aquilo por meio do que a vida humana se elevou acima de sua condição animal. Os seres humanos são seres da cultura. A cultura é a morada do homem. O acesso aos bens culturais produzidos em toda a história é o que define nossa condição humana, as suas crenças, seus valores, suas leis.