Estética da existência
TempoJurandir Freire. O Sociol.em Foucault: estética da existência ou experimento moral? Tempo Social; C ASociol.
F O U Rev. U LT
USP, S. Paulo, 7(1-2): 121-138, outubro de 1995.
UM PENSAMENTO
DESCONCERTANTE
O sujeito em Foucault: estética da existência ou experimento moral?
JURANDIR FREIRE COSTA
RESUMO: O artigo discute as objeções levantadas às idéias de Foucault sobre a ética do sujeito, que levariam a um descompromisso com os valores universais e princípios das democracias liberais. Discutindo as proposições de Taylor, Hochlitz, Hadot e Rorty, a resposta de Foucault se construiria a partir de uma mudança radical na imagem do sujeito e nos modos de vida relacional que, no caso da sexualidade, ao se redescreverem as categorias, colocaria em questão a atual hierarquia moral das práticas sexuais, com suas relações fixas de dominação e sujeição.
UNITERMOS:
Foucault,
sujeito, estética da existência, práticas e papéis sexuais, homossexualismo, sado-masoquismo. O
s últimos trabalhos de Foucault sobre a ética do sujeito despertaram várias objeções. Penso em retomar uma delas, procurando analisar os argumentos que a sustentam. A objeção é a seguinte:
Foucault defende a idéia de uma estética da existência voltada para a auto-perfeição e auto-afirmação do sujeito. Esta estética dispensaria o compromisso com valores universais ou com os princípios humanitários das democracias liberais. Os críticos universalistas, entre os quais, Charles Taylor, Rainer
Hochlitz e Pierre Hadot, enfatizam o primeiro aspecto. Alegam que Foucault se auto-engana ou se equivoca. Engana-se quando assume tacitamente valores universais que desacredita; equivoca-se quando interpreta erroneamente textos histórico-filosóficos que justificam sua teoria. Richard Rorty, representante do neopragmatismo, chama a atenção para o segundo aspecto, criticando a insensibilidade de Foucault para com