Ética e Estética da existência

Ética e Estética da existência: Por um currículo estranho
O currículo apresenta a divisão do vivido e do concebido, os quais possuem diferentes faces do mesmo fenômeno. Em que sentido se aponta-se para a necessidade de um currículo estranho? Estranho na língua portuguesa quer dizer fora do comum; desusado; novo; anormal. Ao associar a palavra estranho ao currículo, pretendeu-se focar os processos curriculares centrados na normalização e objetivação do outro, assim como apontar para a sua superação, visando a experimentação de processos curriculares mais atentos às questões da diferença e da inclusão.
O currículo parte do pressuposto de que toda cultura deve transmitir certo repertório de modos de experiência de si, e os membros dessa cultura deve aprender a ser pessoa em algumas das modalidades inseridas. Uma cultura inclui dispositivos e agenciamentos para a formação de seus membros como sujeitos.
O currículo escolar deve ser analisado como uma prática disciplinar de normalização e de controle social. As práticas educativas são consideradas como um conjunto de dispositivos para a produção dos sujeitos mediante certas tecnologias de classificação e divisão entre indivíduos.
A história do sujeito, como ser-para-si, é a história das tecnologias que produzem a experiência de si e não podem ser analisadas sem relação com um domínio de saberes e com um conjunto de práticas normativas:
“A experiência de si seria, então, a correlação, em um corte espaço- temporal concreto, entre domínios de saber, tipos de normatividade e formas de subjetivação. É uma correlação desse tipo que se estabelece na estrutura e funcionamento de um dispositivo pedagógico” (LARROSA, 1994, p. 56-57).
Nesse sentido, partiu-se do pressuposto de que a constituição do currículo escolar pressupõe uma estética da existência baseada no cuidado de si e no cuidado do outro. Buscando pensar o outro, na educação e no currículo, em sua alteridade, ou seja, em sua dimensão política, estética e ética