Estudos Culturais Britânicos
Uma introdução aos Estudos
Culturais
Ana Carolina D. Escosteguy
Mestre em Comunicacão – ECA/USP
Professora da FAMECOS/PUCRS
1
Antecedentes
ESTE TRABALHO TEM POR objetivo apresentar a tradição dos cultural studies,1 especialmente, àqueles que se iniciam no estudo das teorias da comunicação. Assim, é preciso percorrer a trajetória desta tradição, dos seus antecedentes até os contornos que este campo de estudos assume na atualidade. Ressalta-se que, neste momento, esta incursão é apenas brevemente delineada devido ao propósito inicial deste texto, embora estejam indicadas inúmeras referências bibliográficas que servem de pistas para preencher as lacunas deste percurso.
É necessário estabelecer, também, um recorte dentro deste vasto empreendimento diversificado e controverso dos estudos culturais. Nossa discussão limita-se a recuperar posições e trabalhos que lidam com a relação cultura/comunicação massiva e dentro desta, aqueles que enfocam produtos da cultura popular (considerados através da categoria texto2) e suas audiências.
Se originalmente os estudos culturais foram uma invenção britânica, hoje, na sua forma contemporânea, transformaram-se num fenômeno internacional. Os estudos culturais não se confinaram na Inglaterra nem nos Estados Unidos, espraiando-se para a Austrália, Canadá, África, América
Latina, entre outros territórios. Isto não significa, no entanto, que exista um corpo fixo de conceitos que pode ser transportado de um lugar para o outro e que opere de forma similar em contextos nacionais ou regionais diversos.3 Entretanto, as peculiaridades do contexto histórico britânico, abrangendo da área política ao meio acadêmico, marcaram indelevelmente o surgimento deste movimento teórico-político. Originalmente, na
Inglaterra, os estudos culturais ressaltaram os nexos existentes entre investigação e for-
Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 9 • dezembro 1998 • semestral
87
mações