estudante
João Romão era um homem que dos 13 aos 25 anos trabalhou, até que seu patrão voltou a Portugal e deixou-lhe o estabelecimento.
Bertoleza era uma escrava que cuidava de uma quitanda, vizinha de João. Para viver “livre” ela pagava vinte mil-réis a seu dono todos os meses. Era “amigada” com um português que fazia fretes na cidade. Este português faleceu após um acidente causado pelo excesso de carga em sua carroça – é interessante notar que, desde já, o autor aponta a ganância como a causa da destruição de um de seus personagens.
João Romão forjou uma falsa carta de alforria que desobrigava o pagamento dos vinte mil-réis mensais ao dono de Bertoleza: mais uma “economia”. O velho que era dono dela logo morreu e o falso documento nunca trouxe problemas para o casal.
Com o desenvolvimento da região, os ganhos da pedreira e de seus negócios, João Romão ergueu seu sonho: uma estalagem que ocupava todos seus terrenos, 95 casinhas. O local era privilegiado, com a proximidade da pedreira e água em abundância, o que o fazia o mais disputado do bairro entre trabalhadores e lavadeiras. A construção desse espaço irritou o vizinho Miranda, que o enxergava como era na realidade: um cortiço. E a vida se multiplicava naquele amontoado de casas “como larva no esterco”.
Capítulo 2
Por dois anos o cortiço avançou, cresceu e se lotou de gente. Miranda cada vez mais invejava João Romão: sem nunca botar um paletó e vivendo com uma negra conseguira mais riqueza que ele, que se casara por interesse e precisava manter o triste relacionamento para não perder seus bens. Vendo que jamais alcançaria João Romão no quesito financeiro, Miranda resolveu buscar outra forma de sobrepujá-lo: comprar o título de Barão.
Na mesma época Henrique, com 15 anos, filho de um fazendeiro cliente de Miranda, veio instalar-se junto a ele. Na casa já moravam, além de Miranda, Dona Estela e Zulmira, então com 12 anos, três criados: Isaura, uma