Ocorreram grandes mudanças no período de 1880 e 1935, sendo que as mais importantes se deram no período mais curto entre 1880 e 1910. Esse tempo foi marcado pela conquista e ocupação de quase todo continente africano pelas potências imperialistas e, depois, pela instauração do sistema colonial. Até 1880 em cerca de 80% do seu território, a África era governada por reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades políticas de porte e natureza variados. No entanto, nos trinta anos seguintes, assiste-se a uma transmutação extraordinária, para não dizer radical, dessa situação. Em 1914, com a única exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira vê-se à dominação de potências europeias e divididas em colônias de dimensões diversas, mas de modo geral, muitos mais extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com elas. A religião foi uma das armas empregadas contra o colonialismo, além disso vários dirigentes africanos só tinham conseguido edificar seus impérios, de proporções variáveis, poucos decênios antes, e alguns estavam ainda em vias de alargar ou restaurar seu reino. Após a abolição do hediondo tráfico de escravos, os africanos tinham se mostrado capazes de se adaptar a um sistema econômico baseado na exportação de produtos agrícolas: Óleo de palma na Nigéria, amendoim no Senegal e na Gâmbia, antes de 1880; na costa do Ouro, o cacau foi reintroduzido em 1879 por Tetteh Quashi, vindo de Ferando Pó. Todas essas transformações se produziam sem controle europeu direto, salvos em alguns bolsões costeiros. Os africanos não viam, portanto, nenhuma necessidade de modificar radicalmente suas relações com a Europa, certos de que, se os europeus quisessem lhe impor mudanças pela força e avançar em suas terras, conseguiriam barrar-lhes o caminho, tal como vinham fazendo há dois ou três séculos. Daí esse tom de confiança, se não de desafio, perceptível nas palavras já citadas.