Estatuto da literatura infantil
Entre os gêneros literários existentes, um dos mais recentes é constituído pela literatura infantil, que apareceu durante o século XVIII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade provocaram efeitos no âmbito artístico, mudanças que vigoram até os dias atuais. Entraram em decadência os gêneros clássicos, como a tragédia e a epopéia, substituídos pelo drama, o melodrama e o romance, formas voltadas à manifestação dos eventos da vida burguesa e cotidiana, que tomaram o lugar dos assuntos mitológicos e das personagens aristocráticas. Além disso, o progresso das técnicas de industrialização chegou à arte literária, facilitando a produção em série de obras e de materiais de fácil distribuição e consumo, fenômeno posteriormente designado como cultura de massa. Assinalada pela banalidade dos temas, a fixação dos esteriótipos humanos a veiculação de comportamentos exemplares, a literatura trivial revela como critério de elaboração a retomada dos mesmos artifícios composicionais até sua exaustão.
Nesse contexto, aparece a literatura infantil; seu nascimento, porém, tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo status concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Conseqüentemente, vincula-se a aspectos particulares da estrutura social urbana de classe média, não requerendo necessariamente que o processo de industrialização tenha-se completado. Por sua vez, o aparecimento e a expansão da literatura infantil deveram-se antes de tudo à sua associação com a pedagogia, já que aquela foi acionada para converter-se em instrumento desta. Por tal razão, o novo