Literatura para a infância em Portugal:
Carina Miguel Figueiredo da Cruz Rosa Rodrigues*
Resumo
O presente artigo tem como principal finalidade definir conceptual e evolutivamente a literatura para a infância em Portugal, com base na fundamentação teórica e crítica de alguns autores de referência. Uma vez que a literatura para a infância tem sido objecto de discussão activa, desde a problematização relativamente à sua categoria como verdadeiro fenómeno literário até a valorização de um público explícito e concreto, importará reflectir sobre o seu crescimento e o tipo de destinatário preferencial que pretende atingir. Já que a escrita para crianças tem sido um investimento considerável nos últimos anos, torna-se relevante uma abordagem do seu estatuto no panorama literário português, evidenciando os vários géneros editoriais contemplados nessa área da escrita para a infância.
Palavras-chave: Literatura para a infância. Conceitos. História. Géneros literários.
1 INTRODUÇÃO
A narração constitui uma prática efectiva da actividade humana desde tempos imemoráveis, e as narrativas integram um património antiquíssimo. Desde as histórias contadas oralmente até a narração em obras escritas, essa prática estava associada à família e à sociedade, em grupos mais pequenos ou mais alargados.
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Mestre em Ciências da Educação, na área de Especialização em Formação Pessoal e Social, pela
Universidade de Aveiro; Licenciada em Educação de Infância, pela Escola Superior de Educação de Coimbra; educadora de infância a desenvolver funções no Museu da Água de Coimbra; Rua da
Carvalheira, n. 37, Sepins, 3060-538, Cantanhede, Portugal; a36807@ua.pt
Visão Global, Joaçaba, v. 10, n. 2, p. 161-184, jul./dez. 2007
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Carina Miguel Figueiredo da Cruz Rosa Rodrigues
Por circunstâncias diversas, a família parece estar, contudo, distanciando-se dessa função. Por essa razão, são actualmente os educadores de