Estado e revolução
O Estado é um produto do antagonismo inconciliável das classes
É essa verdade fundamental que Lênin quer reafirmar, pautado nos textos marxianos clássicos, contra a deturpação dos socialdemocratas, “socialpatriotas”, intelectuais pequeno-burgueses, etc. Todo o ensaio de Lênin se desenvolve como se segue: análise dos textos marxianos clássicos, crítica ao revisionismo, alusão às revoluções de 1905 e 1917 como exemplos concretos. O Estado surge onde as contradições entre classes tornam-se inconciliáveis, daí a necessidade, não de conciliá-las através do Estado, mas de aparentemente conciliá-las por uma instituição aparentemente posta acima das classes quando, na verdade, trata-se de um mecanismo de subjugação, de dominação de uma classe por outra. Os social-revolucionários e os mencheviques, por adotarem essa concepção do Estado como conciliador de classes e não como dominador de classe, não são socialistas, mas democratas pequeno-burgueses com fraseologia próxima ao dos socialistas. Kautsky, por sua vez, embora não negue o Estado enquanto instrumento de dominação de classe, nega a conclusão lógica que se tira dessa afirmação, ou seja, de que a libertação da classe oprimida só pode se dar através de uma revolução violenta que destrua esse aparelho governamental de dominação de classe. Lênin começa com a análise de Engels, em A origem da propriedade privada... Engels expõe duas características do Estado: 1) ao contrário do clã, o Estado se caracteriza pela divisão dos súditos entre territórios; 2) e, também ao contrário do clã, pela constituição de um corpo armado separado da sociedade (o exército, a polícia, as prisões, etc.). Numa sociedade composta por classes antagônicas não é possível a organização espontânea do povo em armas, dado o perigo de revolução social. Conforme um país move-se para a fase imperialista e os Estados adjacentes se tornam cada vez mais populosos e poderosos, os monopólios