Esquecimento e memória em heidegger
Introdução
Esse texto é uma tentativa de compreender Heidegger, seu repertório e seu modo de pensar o “SER” a partir da leitura de sua obra Ser e Tempo. Esta obra é parte constitutiva de um projeto maior, está imerso num contexto mais amplo e convoca o leitor para o conhecimento de suas questões mais relevantes. Por razões que limitam o entendimento do sistema heideggeriano em sua amplitude, desenvolveremos uma análise destacando como o fio condutor das nossas inquietações o que o autor designa por “esquecimento do Ser”.
Por que este é o fio de Ariadne do nosso trabalho? Porque é sobre ele que Heidegger tecerá sua crítica contra a tradição filosófica e tentará resgatar o seu sentido mais original. Este fio é o da narrativa que pretende marcar a trilha de um possível caminho num labirinto de palavras, expressões, significações e interpretações que constituem a linguagem da linguagem desse curioso pensador. O caminho de Heidegger é repleto de encontros e desencontros, certezas e desvarios, angústia e criação. Sua busca se volta para o Ser e o seu sentido. No percurso, ele revira o baú da Metafísica identificando-a com o conhecimento atrelado ao ser enquanto ente; o Ser... dorme sob as águas do rio Lethe . O resgate da ambigüidade original que vincula o termo physis com natureza e também com a idéia de ousia, precisa ser feito. Segundo Heidegger, as perguntas pelo ente na sua totalidade e na sua essência ainda não foram respondidas.
Nosso primeiro desafio é entender os significados atribuídos por Heidegger a certos termos, tais como cura, pre-sença, existência etc. e compreender a distinção entre ente e Ser verificando como isto converge para a questão do esquecimento desse último.
O Ser não é o ente
A primeira distinção, imprescindível e necessária, é entre Ser e ente. O Ser não se confunde com o ente. Aqui se encontra o primeiro grande erro da tradição filosófica: tratar a questão do Ser a partir do ente. Heidegger