resumo O Pensamento da Violência em Walter Benjamin e Jacques Derrida
Idelber Avelar
Tulane University
Preâmbulo
Alguns meses antes da morte de Jacques Derrida, eu o contactara para dizer que havia preparado um texto com fortes restrições à leitura de Walter
Benjamin proposta por ele em Força de lei 2. Ao compor o artigo, eu havia tentado me manter rigorosamente fiel às lições da desconstrução, experiência que permanece tão fundamental para mim hoje como na época dos meus primeiros contatos com os textos de Derrida, há vinte anos.
Derrida, com a infinita
generosidade e pródiga memória que lhe eram características, lembrava-se de um breve contato que havíamos tido em Duke University, pelos idos de 1995, e respondeu que estava ansioso para ler minhas críticas – que eu as mandasse logo que estivessem prontas. Na verdade, o texto em inglês já estava terminado, mas como o livro onde o artigo apareceria estava no prelo, decidi esperar um pouco mais para enviar-lhe a versão publicada, menos pela vaidade de ver o texto encadernado do que pelo desejo de escrever-lhe uma carinhosa dedicatória na
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Agradeço a Ana Maria Gonçalves a revisão cuidadosa de uma versão anterior deste artigo.
Jacques Derrida, Force de loi:Le “fondement mystique de l’autorité”. Paris: Galilée, 1994. Todas as citações desta obra se farão no corpo do texto, com o número da página entre parênteses. São minhas odas as traduções de fontes citadas em outras línguas.
2 primeira página. A espera foi fatal. O livro saiu, mas não a tempo de que eu o enviasse a Derrida. No segundo semestre de 2004, quando se publicava em inglês o livro que contém uma versão mais extensa deste artigo 3, eu, assim como toda a comunidade de leitores, alunos e admiradores de Derrida, recebemos o golpe violento (apesar de não inesperado) que foi a notícia de sua morte. O arrependimento de não lhe haver enviado a versão manuscrita do texto doeu fundo, porque algo me dizia que Derrida