Guerra de canudos
César Gonçalves de Oliveira
UFMG / CNPq
Resumo:
Este artigo discorre sobre leituras literárias da Guerra de
Canudos, mais especificamente sobre as crônicas de Olavo
Bilac e o romance Os jagunços, de Afonso Arinos, bem como possíveis contribuições destes autores para o livro Os sertões, de Euclides da Cunha.
Palavras-chave: Guerra de Canudos; literatura brasileira; experiência literária A NOVA BARBÁRIE
Um dos eventos históricos que, certamente, marcaram tanto a história nacional quanto a literatura e as artes em geral, no Brasil, foi o episódio conhecido como Guerra de Canudos. Vários foram os leitores desse episódio – escritores reconhecidamente do cânone; outros de renome em sua época; alguns através de simples testemunho; outros, por pura ficção.
Há, no entanto, certa leitura que, a partir do evento histórico, pode ser considerada como fundadora de uma tradição. Partindo do conflito ocorrido em
Canudos, Os sertões, de Euclides da Cunha, elaborou uma narrativa enciclopédica do evento – com vistas a nomear e explicar as inúmeras variáveis existentes no conflito: das geológicas às históricas, das políticas às factuais, das táticas às sociais. Talvez por isso, podemos atentar, principalmente, para o que podemos chamar de “caráter aberto” de Os sertões – construído como uma espécie de mosaico de saberes, “texto nascido de outros textos”,
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acabou por criar uma tradição que pensa, artística e intelectualmente, o Brasil. Nessa tradição, podemos observar nomes como os de Gilberto Freyre, e seu ideal de miscigenação; Sérgio
Buarque de Holanda, e o olhar crítico ao liberalismo brasileiro; Guimarães Rosa, e a gênese estética do “olhar voltado para o continente”; ou mesmo Glauber Rocha,
Graciliano Ramos e outros que ajudaram a formatar a chamada estética da seca.
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1 ARRIGUCCI JR. Escorpionagem: o que vai na valise