Heráclito

1. INTRODUÇÃO

“Este mundo, o mesmo de todos (os seres), nenhum homem o fez, mas era, é e sempre será um fogo sempre vivo, acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas”. Fragmento 30

Heráclito explica o mundo pelo fogo. Fogo que é um elemento solar e, portanto apolíneo que indica algo, que sinaliza, assinala sem ocultar ou dizer a resposta. O Fogo que é o elemento que os outros transforma. Mas o que será esta dinâmica, movimento de acender e apagar do mundo. Qual é esta medida, senão o pensar?
Estudamos Heráclito em busca da origem do pensamento. Origem que não é cronológica, porque o pensamento não o é. Nossa busca é, então, pela originariedade e radicalidade do pensamento. Emmanuel Carneiro Leão nos fala a esse respeito.
“Um pensamento originário é a coragem de descer às raízes das próprias possibilidades de pensar. Um pensamento originário é um pensamento radical. Procura interpretar os modos de ser da realidade, restituindo as estruturas de suas diferenças à identidade do mistério. O modo de ser, que nos apresenta como presente, não é originariamente um determinado presente cronológico. É tão antigo como a história. Algo, que é e sempre foi como é, por mais que se recue no tempo, é reconduzido ao vigor de um destino que estrutura a dimensão radical do Ser e por isso remonta para além de toda memória historiográfica. É a partir deste diapasão que nos fala o pensamento originário. O que é e como é o espaço-tempo de todas as coisas nas diferenças de seus modos presentes de ser é pensado num pensamento re-velador da identidade no mistério das dicotomias de ser e não ser, de movimento e permanência, de uno e múltiplo, de aparência e verdade”. (LEÃO, 1991, pág. 16)

Para nos ajudar nesse encontro da radicalidade e originariedade do pensamento, recorremos aos três comentadores dos fragmentos de Heráclito que se encontram na coleção OS PENSADORES – Hegel, Nietzsche e Heidegger. Assim, começamos com um resumo desses comentários. Traçamos algumas