Especialista
Autoridade, Violência e Reforma Policial. A Polícia Preventiva Através da Historiografia de Língua Inglesa Luís Antônio Francisco de Souza
A idéia da polícia preventiva
A polícia metropolitana de Londres, criada em 1829, é comumente considerada o marco inicial de um longo processo que redundou na profissionalização policial (Macleod & Schneiderman, 1994; Emsley, 1991). A criação da polícia metropolitana constitui marco tanto no combate ao crime quanto na definição dos princípios gerais que permitiram a emergência de um novo conceito de ordem urbana e do padrão de sociabilidade admitido. Para sumarizar, julgava-se que, no início do século XIX, a Inglaterra teria passado por um processo de “moralização” cujo foco teria recaído sobre hábitos populares até e ntão tolerados, “especialmente sobre pequenos crimes, divertimentos populares e todos os tipos de desordem urbana, desde a violência coletiva até brigas em tavernas e danos de menor importância”. Foi notável a envergadura dos dispêndios em recursos humanos e no fomento de novas iniciativas direcionadas para o controle social, sendo a polícia uma das agências centrais criadas para fazer frente ao que seria uma grande desordem cotidiana (Storch, 1985: 8). Embora esse seja um assunto polêmico - isto é, há controvérsia a respeito do papel da polícia preventiva na consolidação da ordem social -, há autores que consideram que a polícia metropolitana teve relevância ao impor padrões de conduta social tanto para a classe operária como para os seus próprios quadros (Steedman, 1984). Mesmo na França, entre 1865 e 1913, as taxas relativas aos crimes graves teriam declinado de forma significativa, enquanto as taxas de crimes menores teriam crescido. A vigilância promovida pelos aparelhos policiais do Estado teria a principal função de controlar o crime como forma de reprimir as ‘classes perigosas’, o protesto social ou as ameças políticas. O próprio processo de urbanização teria imposto maior e mais generalizada