Escravos
A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
“O sol faz lá tudo em fogo,
Faz a brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
“Aquelas terras tão grandes,
Tão comprimidas como o mar,
Com sua poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...
“Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro”.
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar no pranto
O seu filhinho a sonhar!
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
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Imagem 1 – Quando chegar o outono os ipês ficarão floridos.
Imagem 2 – À medida que o sol se põe, vai crescendo uma angustia no peito.
Imagem 3 – A ama de leite acabou amamentando tanto a criança que criou amor materno.
Imagem 4 – Os escravos apanhavam conforme regia a lei da escravidão. 6.
A canção do africano
Lá na última senzala, sentado na estreita sala, junto ao braseiro, no chão, entoa o escravo o seu canto, e ao cantar correm-lhe em pranto saudades do seu torrão. De um lado uma negra escrava, que os olhos crava no filho que tem no colo a embalar. E à meia voz lá responde, ao conto, e o filhinho esconde, talvez para não o escutar!