ERMÍNIA MARICATO
Ermínia Maricato
Em sua aula que versava sobre o “deslocamento entre as matrizes que fundamentaram o planejamento e a legislação urbanos, no Brasil, e a realidade sócio-ambiental de nossas cidades, em especial o crescimento da ocupação ilegal e das favelas”, um renomado professor que a assistia resumiu o conteúdo dado pela professora como: As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias.
Em seu texto diz:
A maior parte do solo urbano das nossas cidades é ignorada pela “cidade oficial”, uma evidente exclusão urbana;
Nossas favelas: - se assemelham com os burgos medievais pela ausência de planejamento urbano e conseqüente infra-estrutura mínima; - não são evoluídas no mercado imobiliário formal/legal; - não transparecem, na sua cruel realidade, nos dados/pesquisas do IBGE; - não estão incluídas nas representações cartográficas dos governos municipais (dados desatualizados). - são palco do clientelismo político.
Nós, Brasil, país periférico em relação ao primeiro mundo importamos destes os padrões urbano-modernista/funcionalista. Importação de um modelo implementado em apenas uma parte das nossas grandes cidades. Ressaltamos que olharam somente para a cidade formal, a cidade legal, como se por aqui não tivéssemos a cidade ilegal, que na realidade Brasil acontece na maior parte do solo urbano. Vale dizer que por aqui implementaram um modelo urbanístico alienado em relação a grande maioria das cidades.
A incoerência entre o modelo importado e a aplicação deste em nossas cidades levou a desvinculação entre o plano diretor e a gestão urbana. O resultado disto é “planejamento urbano para alguns, mercado para alguns, lei para alguns, modernidade para alguns, cidadania para alguns...”.
Preciso e urgente é olhar para o problema real, aquele que afeta a maioria da população urbana brasileira: a habitação social, o transporte público, o saneamento e a drenagem, o que gerará a