Resumo do texto do livro “A cidade do pensamento único” de Ermínia Maricato
O lugar fora das ideias: a realidade ignorada.
A invasão de terras é parte essencial do processo de urbanização do Brasil. Fazendo ainda uma simplificação em relação aos graus de ilegalidade ou de irregularidade decorrentes da legislação urbanística na apropriação do solo urbano. Os loteamentos ilegais não constituem, geralmente, terras invadidas, mas podem apresentar diversas formas de ilegalidade em relação às exigências urbanísticas. Esta gigantesca ilegalidade não é fruto da ação de lideranças subversivas que querem afrontar a lei. Ela é resultado de um processo de urbanização que segrega e excluí. As características principais desse processo de urbanização são: a industrialização com baixos salários, mercado residencial restrito; as gestões urbanas (prefeituras e governos estaduais) têm uma tradição de investimento regressivo e a legislação ambígua ou aplicação arbitrária da lei. Isso acaba resultando nas seguintes consequências: a predação do ambiental que é promovida por essa dinâmica de exclusão habitacional assentamentos espontâneos; e a escalada da violência, que pode ser medida pelo número de homicídios, e que se mostra mais intensa nas áreas marcadas pela pobreza homogênea nos grandes centros.
A publicidade insistente e a mídia, de um modo geral, têm um papel especial na dissimulação da realidade do ambiente construído e na construção da sua representação, destacando os espaços da distinção. A representação da cidade encobre a realidade científica. A manipulação das informações na construção da ficção é atribuída à genialidade de alguns técnicos de marketing, que conhecem os anseios da população.
Partimos do pressuposto de que o plano urbano deve ser a expressão democrática da sociedade, quando pretende-se combater a desigualdade. Tem que ser levado em consideração na elaboração de um plano urbanístico os seguintes aspectos: falta de vínculo entre o plano urbano e a gestão urbana; falta de previsão, em especial da orientação e