Ensaio do texto “dos lugares aos não-lugares” de marc augé (1994)
“Dos lugares aos não-lugares” de Marc Augé (1994)
Ensaio do texto
Inês Sineiro 2007119874
Marc Augé propõe-se a explicar a dicotomia lugares/não-lugares ao longo de um texto ambíguo no qual opõe e relaciona estes dois conceitos, recorrendo a análises de transformações (da modernidade à “sobremodernidade”) ocorridas nas sociedades contemporâneas e relacionando também o seu pensamento com os de outros autores.
Antropologia do Espaço 2012/2013
Numa primeira fase o autor fala-nos da modernidade, distinguindo-a da “sobremodernidade”, estabelecendo um paralelismo que nos levará a compreender a passagem dos lugares aos “não-lugares”. Através de uma ideia de Jean Starobinski, caracteriza a modernidade como a “presença do passado no presente que o excede e reivindica”, colocando assim os lugares históricos num segundo plano, sem os anular, pois “(...) as citações de toda a ordem provenientes de todos os tempos da existência, do imaginário e do passado histórico (...) que o escritor moderno, no próprio momento em que delas se liberta, entende mostrar que as não esqueceu”. A modernidade não apaga o passado, ele coexiste com o presente e é através da evocação da história (reivindicação do passado) que nos mostra aquilo que fomos e que já não somos. E é a percepção desta transformação, desta continuidade entre o passado e o presente, da coexistência do novo e do antigo, que se gera a identidade. Os lugares históricos são “uma espécie de indicadores do tempo que passa e que sobrevive” (Augé: 83). Os lugares da modernidade são identitários, relacionais e históricos, constituem lugares antropológicos, concretizados pela palavra, onde os indivíduos interagem entre si, partilhando não só o mesmo espaço como a mesma linguagem. Com as transformações sucessivas e crescentes nas sociedades (ocidentais), surge a “sobremodernidade” de Marc Augé, caracterizada pelo excesso. Excesso de tempo, excesso de espaço e excesso de individualidade.