Enquadre, esquemas de conhecimento e footing
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Segundo Goffman (1979), a atividade de fala é um conceito insuficiente para dar conta do “encontro social” do qual não somente os momentos de fala, ou seja, o discurso verbal é constitutivo, mas todos os outros rituais não verbais presentes na interação de dois ou mais indivíduos, que sinalizam desde a abertura até o encerramento do “envolvimento articulado”. Portanto, nesta perspectiva, a análise somente de momentos de fala perderia de vista vários aspectos importantes da construção de sentido na interação. Assim, podemos compreender o encontro dos participantes (falante / ouvinte na concepção desenvolvida por Goffman) nos jogos e brincadeiras: um conjunto de comportamentos verbais, não verbais e ritualísticos que constituem uma unidade de análise. Para entendermos estas características constitutivas das atividades de fala, os conceitos de enquadre, esquemas e footing são essenciais. Tannen e Wallat (1987) dizem que enquadres e esquemas podem ser entendidos e refletem a noção de estrutura de expectativa que pode ser entendida em termos do conhecimento envolvido na interação e compartilhado ou não pelos participantes. Na visão sócio antropológica (Goffman, 1982) enquadres são a definição do que está acontecendo em determinada interação e dependem de uma tarefa interpretativa, coconstruída durante a interação pelos participantes. Enquadres interativos são, portanto a “percepção de qual atividade está sendo encenada, de qual sentido os falantes dão ao que dizem (...) emergem de interações verbais e ñ verbais e são por elas constituídos” (Tannen e Wallat, 1987: 189). Neste trabalho, consideramos os jogos/brincadeiras como um tipo de enquadre ou moldura comunicativa interacionais e dinâmicos, conforme Goffman (1982), Tannen e Wallat (op.cit), na qual os participantes assumem papéis e interagem de uma maneira bem característica, segundo as regras do jogo. Ainda sobre enquadre, Batenson (1972) afirma que enquadre delimita “a classe ou conjunto de mensagens ou ações