Enfoque Jurídico-formal
REFLEXÕES ATUAIS SOBRE TEMPO, SUBJETIVIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
Mônica Mastrantonio Martins*
Ele publicou sua primeira obra intitulada “O processo civilizador” já em 1939, mas essa recebeu pouca atenção na época. Na verdade, Elias só obteve reconhecimento acadêmico e público na década de 70 ou seja, trinta anos mais tarde. Nesse livro, Elias estabelece relações entre a constituição do Estado e a formação da consciência e autocontrole individuais, explicitando como a sociedade transforma, ao longo de seu desenvolvimento, a coação externa em auto-coação. Elias foi um dos principais precursores da chamada "Sociologia Figuracional", através da qual se estuda as relações humanas de forma processual (micro e macro social). O sentido figuracional é usado para ilustrar redes de interdependência entre indivíduos e a distribuição de poder nas mesmas. É importante apontar que Elias não tem uma visão estática dessas configurações e busca captá-las em contínuo processo de constituição e transformação. Nesse sentido, configurações não podem ser planejadas, programadas ou previstas porque são construídas e redimensionadas o tempo todo. Ele, inclusive, faz analogia das configurações com uma dança de salão, onde as ações das pessoas ao dançarem são interdependentes naquele local e no momento da dança (1994, p. 249). Outro aspecto que subsidia suas afirmações é que ações e autores não são tratados separadamente, assim como indivíduo e sociedade não são dissociáveis. Elias denuncia a cisão entre ciências humanas e naturais como produto do desenvolvimento de um conhecimento estanque e particularizado. Como conseqüência disso, fica mais difícil captar as múltiplas relações estabelecidas entre homem e tempo. Como para Elias (1989, 1993, 1994), o "saber" é desenvolvido através de configurações sociais ao longo da evolução da