Enchentes no rio de janeiro
2009
Enchentes, deslizamentos e mudanças climáticas:
Nos últimos dois meses do ano de 2009, o noticiário da mídia televisiva, radiofônica e impressa ocupou-se de acontecimentos ligados ao meio ambiente. Enquanto chefes de Estado, organizações sociais, intelectuais e pesquisadores estavam reunidos em Copenhague, Dinamarca, para definir medidas capazes de conter as alterações climáticas supostamente provocadas pela ação humana, dezenas de cidades da região sudeste, principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo, eram castigadas pela chuva.
Para termos uma ideia da dimensão do estrago provocado no Rio de Janeiro, basta verificar as informações da Defesa Civil estadual: as chuvas dos últimos dias do mês de dezembro deixaram 7.938 famílias desabrigadas e 4.761 desalojadas, além de provocarem cerca de 80 óbitos – devido a deslizamento de encostas, como os que ocorreram na cidade de Angra dos Reis, ou de afogamentos, como o de dois jovens moradores de Belford Roxo, que residiam próximos ao rio Botas.
A despeito das dúvidas lançadas sobre a real dimensão das mudanças climáticas globais, a possibilidade do aumento da ocorrência de eventos climáticos críticos, como as chuvas do último dia de 2009, vem preocupando desde governantes até os próprios moradores das áreas de risco.
Para além das divergências e imprecisões sobre a questão, o fato é que as recentes chuvas vêm causando graves danos materiais e psicológicos a milhares de famílias, sobretudo àquelas que vivem com menos de três salários, que, por falta de opção, constroem suas casas em áreas de encostas ou próximas a cursos d’água. Aliás, estudos realizados sistematicamente indicam que são essas pessoas, com baixa renda, predominantemente negras, com tempo de escolaridade abaixo da média nacional, com dificuldades para acessar serviços públicos de saúde, que ocupam os piores espaços do território. Elas estão sempre expostas a sofrer danos ambientais numa escala exponencialmente