eliminaçao
Luiz Carlos de Freitas*
Resumo: As reformas educacionais têm alterado a organização escolar das redes públicas.
Duas modalidades foram ensaiadas: a .progressão continuada. e os .ciclos., em contraposição à organização seriada (majoritária). Pelo lado conservador-liberal, estas idéias propõem a flexibilização do tempo de estudo e a adoção de ajuda complementar para as dificuldades do aluno, liberando o fluxo no interior das redes. Pelo lado progressista, além disso, tentam dar maior flexibilidade curricular para as escolas, numa tentativa de aproximá- las de experiências socialmente significativas para a criança. Nos dois casos, as experiências chocam-se contra as funções sociais historicamente construídas para a escola: a exclusão e a subordinação do aluno. O conceito de .eliminação adiada. é proposto para explicar as novas formas de exclusão que tais reformulações podem estar gerando. Por este, o que estaria ocorrendo é a criação ou alongamento de trilhas destinadas às classes populares dentro do sistema, mantendo-as provisoriamente em seu interior, mas sem aprendizagem real. Com isso, estariam sendo atualizadas as funções históricas da escola, a qual tem que cumpri-las em um ambiente agora mais exigente . política, tecnológica e socialmente.
Palavras-chave: Eliminação adiada, reformas, ciclos, progressão continuada, exclusão.
A .forma escola. atual é a longa concretização de uma visão de mundo e de educação predominantes. É uma forma historicamente produzida segundo certas
.intenções.. Vista com ingenuidade, é um conjunto de salas de aula e espaços agregados (refeitório, cozinha, sala dos professores, do diretor, pátios, etc.) destinados a acolher as novas gerações. A arquitetura parece neutra, à primeira vista.
Entretanto, tais espaços instituem relações entre aqueles que os habitam. São campos de poder assimetricamente constituídos no interior de uma sociedade