Educação
RBEP
DUBET, François et al. Injustices: l'experience des inégalités au travail. Paris: Eds. du Seuil, 2006. 499 p.
Candido Alberto Gomes A ciência não se expressa apenas em inglês, especialmente na filosofia e nas ciências humanas, mas também nas demais áreas do conhecimento. Verdades acacianas como esta costumam ser esquecidas, a exemplo do francês, que parece a caminho de tornar-se uma língua morta no Brasil. Claro que é mais cômodo aprender só uma segunda língua (quando se aprende) e ignorar a produção intelectual publicada em outros idiomas. Não devemos esquecer o impacto que teve Tobias Barreto na história das idéias no Brasil quando leu a filosofia alemã no original. À falta de cursos, o moço pobre e negro comprou numa livraria um dicionário e gramática alemães e encomendou a primeira obra filosófica nessa língua, que, quando chegasse de navio, já deveria encontrá-lo em condições de leitura. Como resultado da inquietação, da capacidade e da verve desse expoente da Escola de Direito do Recife, as idéias no Brasil nunca mais foram as mesmas. A raridade crescente de pessoas conhecedoras de francês e outros idiomas pode levar a surpresas quando nos deparamos, pelo menos aqui, com a produção intelectual ilhada pelas barreiras lingüísticas, talvez a caminho de guetos em plena mundialização, guetos de grande diversidade criadora (a singularidade é burra, a pluralidade é inteligente). Este pode ser o caso do livro acima, de Dubet. Este sociólogo da educação abriu novos caminhos ao propor a sociologia da experiência. Esta tem em vista explicar mudanças da pós-modernidade, a partir do estilhaçamento da sociologia clássica. No caso da escola, a instituição edificadora da personalidade, criada para construir a
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 88, n. 218, p. 211-214, jan./abr. 2007.
211
Candido Alberto Gomes
coesão das sociedades nacionais (na França, a escola republicana e leiga), constituiu resposta à emergência da sociedade