Educação
Clovis Antonio Brighenti & Ana Lúcia Vulfe Nötzold
EDUCAÇÃO GUARANI E EDUCAÇÃO ESCOLAR:
DESAFIOS DA EXPERIÊNCIA MBYA E NHANDEVA
Clovis Antonio Brighenti*
Ana Lúcia Vulfe Nötzold **
Introdução
A promulgação da Constituição Federal brasileira em 1988, possibilitou pensar a educação escolar indígena como um espaço de gestão de saberes específicos e diferenciados a partir da organização social, costumes, línguas, crenças e tradições dos povos indígenas.
Contudo, criar um novo pensamento para romper com as velhas práticas, continua sendo um desafio. Uma nova educação escolar indígena exige um repensar, um refazer dos paradigmas no campo educacional e das relações de alteridade entre indígenas e não-indígenas. Uma nova territorialidade emerge desse debate e desafia educadores e gestores públicos a compreender a nova dinâmica e contribuir com os povos indígenas na conquista do espaço próprio.
É objetivo deste artigo, discutir as propostas apresentadas pelos Guarani em 2001, durante seminário sobre a educação escolar guarani no sul e sudeste brasileiro, que ocorreu na cidade de Florianópolis-SC, analisá-las a partir das experiências atuais, especialmente do documento da Comissão Guarani Nhemonguetá1, encaminhado a I Conferência de Educação
Escolar Indígena, que ocorreu durante o ano de 2009. Objetivamos também refletir sobre a relação da escola na conquista das terras e na configuração do território Guarani. Faz-se
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Doutorando em História Cultural pela UFSC sob orientação da Profª Drª Ana Lúcia Vulfe Nötzold. Bolsista
CAPES. Integrante do Observatório da Educação Escolar Indígena. Membro do Conselho Indigenista
Missionário. Email: clovisbrighenti@hotmail.com
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Etno-historiadora, Professora do Departamento de História, Coordenadora do LABHIN/Laboratório de
História Indígena. Coordena o Observatório da Ed. Escolar Indígena – UFSC. Email:anotzold@hotmail.com
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A Comissão Guarani Nhemonguetá é uma