Educação
A DIFERENÇA QUE FAZ UMA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA
AOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO
José Carlos Paes de Almeida Filho
Universidade de Brasília
1. Introdução
O Brasil só tem universidade (completa, composta das mais variadas áreas do saber voltada para a produção de conhecimentos novos) há apenas 70 anos se tomarmos hoje (2004) como referência a fundação e início de operação da Universidade de São Paulo em 1934. O mundo, e principalmente a Europa, tem universidade há longos 916 anos, se considerarmos como marco inicial a fundação da Universidade de Bolonha, na Itália, em 1088. A Universidade medieval laica (fora das mãos da Igreja) teve o mérito de transformar a cultura do ócio estudioso e contemplativo na busca corporativa do saber que já pode ser vinculado ao mundo social do trabalho (Verger, 1990) e não só à obra religiosa. O próximo marco transformador na existência das universidades só reapareceu no início do século 19 com a universidade reformada alemã (Humboldt) que vai se ocupar prioritariamente da pesquisa dita científica num quadro de expressão do nacionalismo germânico que já vinha emergindo. A escola dos jesuítas que dominou a cena educacional brasileira em todo o período colonial e se estendeu em influência pelo Império e até bem depois do seu término, constituiu-se numa iniciação aos estudos humanistas da gramática clássica, da retórica, e do Latim e Grego clássicos. Ela não pressupunha a continuação dos estudos pelos filhos da elite em nível universitário. Coimbra, que foi a universidade portuguesa onde se formaram cerca de 2500 estudantes vindos do Brasil entre os séculos 16 e 18 (Teixeira, 1989), manteve até o final