Educação médica no Brasil e o erro médico
O erro médico, o qual causa dano e sofrimento ao paciente, muitas vezes relacionado a uma relação médico-paciente insatisfatória, tem aumentado consideravelmente a quantidade de denúncias aos Conselhos Regionais de Medicina (CRM). A partir dessa perspectiva, vê-se a importância em diminuir tais erros, sendo necessário estimular desde a graduação em medicina, discussões que visem formar profissionais mais comprometidos com a prática médica e menos sujeitos a esse tipo de problema. Nesse contexto, a educação médica tem dois papéis: o de informador, fornecendo conhecimentos científicos e de natureza técnica; e o de formador, responsável pelo amadurecimento de uma personalidade adulta e equilibrada, capaz de entender a complexa estrutura biopsicossocial do paciente.
Vários fatores estão envolvidos no aumento do número de processos por erro médico, como maior conscientização da população acerca de seus direitos, precarização das condições de trabalho, principalmente no setor público, e influência da mídia. Dentre os fatores mais importantes na geração deste quadro estão a deterioração na qualidade da relação médico-paciente e a formação deficiente dos médicos durante a graduação e pós-graduação. Segundo relatório da Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico (Cinaem), as escolas médicas brasileiras, em geral, não estão formando profissionais que atendam às demandas da população. Os profissionais recém-formados saem das faculdades com uma formação ética e humanística deficiente, uma concepção funcionalista do processo saúde-doença, especialização precoce e incapazes de se manterem atualizados. Essa insatisfação da formação médica contribui para a ocorrência de desvios de conduta durante o exercício da profissão, desfavorecendo principalmente a população de mais baixa renda, visto que o sistema público de saúde aos quais estão submetidos cria