EDUCAÇÃO DE SURDOS
A ORIGEM DOS MITOS E CONCEPÇÕES
Retroceder na história é sempre uma ótima oportunidade para mudar as lentes da visão naturalizada construída a partir do que se conhece hoje. Por essa razão, contextualizar historicamente os fatos, concepções e mitos em torno da educação de surdos poderá ajudá-lo a compreender como a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), língua que você aprenderá a partir de agora, se tornou tão importante para as pessoas surdas.
Desde a Antiguidade as pessoas surdas tiveram diferentes tratamentos. Os egípcios conferiam um ar de misticismo aos surdos, pois acreditavam que por sua forma peculiar de se comunicar, eles eram capazes de transmitir mensagens dos Deuses ao Faraó. Enquanto isso, os gregos, por atribuírem um alto valor à perfeição e à oratória, condenavam os surdos à morte, uma vez que eles não atendiam os padrões exigidos na época. Sem direito à vida em sociedade, este também era o destino das crianças surdas nascidas na Roma Antiga, quando ainda eram lançadas ao rio Tibre (CHOI et al., 2011, p. 5-6).
Apenas no século VI, a partir do código de Justiniano, desenvolvido pelo Imperador romano Justiniano, as pessoas surdas passaram a ser consideradas pela lei. Contudo, o código de Justiniano promulgava que somente os surdos que falassem (oralmente) poderiam herdar fortunas, se unir em matrimônio e ter propriedades. Os surdos que não conseguissem se comunicar através da fala oral estariam, então, privados de tais direitos (CHOI et al., 2011, p. 6).
A partir do século XVI surgiram as primeiras intenções na educação de surdos. Nessa primeira fase, até 1760, apenas surdos de famílias abastadas tinham acesso ao ensino formal e individual, ministrado por tutores. A preocupação em educar as crianças surdas estava ligada a possibilidade, principalmente no caso de primogênitos, de serem reconhecidos pela lei para herdarem os bens da família. Nessa primeira fase o ensino foi inspirado nos sinais