Educação bancaria
Paulo Freire caracteriza duas concepções opostas de educação: a concepção “bancária” e a concepção “problematizadora”. Na concepção “bancária”, a educação se dá de forma vertical, o professor é um ser superior que ensina a ignorantes. O saber é uma doação, dos que se julgam sábios, aos que nada sabem. Predominam as relações narradoras, dissertadoras, a narração ou dissertação que implica um sujeito (o narrador) e objetos pacientes, ouvintes (os educandos), o educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador (como nos bancos). A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado, os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador, desta maneira, quanto mais “enche” suas “vasilhas”, melhor é o educador e quanto mais docilmente se deixam “encher”, melhores são os educandos. A educação “bancária” fala da realidade como algo parado, estático, compartimentado e bem comportado, de conteúdos que são retalhos da realidade desconectados da totalidade. A palavra, nestas dissertações, se esvazia da dimensão concreta que devia ter ou se transforma em palavra oca, alienada e alienante. O professor arquiva conhecimentos porque não os concebe como busca e não busca, porque não é desafiado pelos seus alunos. A educação bancária tem por finalidade manter a divisão entre os que sabem e os que não sabem, entre oprimidos e opressores. Ela nega a dialogicidade, enquanto a educação problematizadora é fundamentada na relação dialógica-dialética entre educador e educando: ambos aprendem juntos (FREIRE, 1983; FREIRE, 1987 e GADOTTI,? apostila). A concepção “problematizadora” é diferente por possibilitar uma aprendizagem libertadora, não mecânica, uma aprendizagem integradora, abrangente, não compartimentalizada, não fragmentada, com forte teor ideológico. Promove, assim, a horizontalidade na relação educador-educando, a