Educa O Foucault E Althusser
Luiz Cláudio dos Santos1
O filósofo francês contemporâneo Michel Foucault associa o projeto de “panopticon” do jurista inglês Jeremy Bentham (fundador do utilitarismo) ao processo iniciado na Idade Moderna pelo qual se constitui a "Sociedade Disciplinar" formada nos séculos XVII e XVIII. Segundo Foucault, esta se caracteriza pela existência de instituições fechadas destinadas ao controle social, com fundamento no controle, vigilância, hierarquia e dominação constantes dos indivíduos em diversos âmbitos sociais como fábricas, escolas, prisões, hospícios, quartéis, caracterizando perfeitamente a forma de poder pela qual a burguesia exerce e visa perpetuar sua hegemonia.
Assim, Foucault empreende uma interpretação da sociedade em função das múltiplas e intrincadas relações de poder que perpassam, caracterizam e compõem o tecido social. Investigando a genealogia dos micropoderes, ele conclui que o poder constitui-se em uma prática social expressa por um conjunto de relações que se exerce e opera entre os indivíduos. Consequentemente, o poder não se restringe ao governo, mas alastra-se pelo corpo social em um conjunto de práticas e relações, a maioria indispensável à conservação do Estado. Paralelo ao poder central e disseminado por toda parte e não emanando somente das instituições estatais centrais, o poder deve ser compreendido como uma relação difusa e flutuante que provoca ações inclusive no campo do direito. Foucault o concebe como um tipo de rede inevitável composta por mecanismos e dispositivos que se espalham por todo o cotidiano, moldando comportamentos, atitudes e discursos.
[...] não se trata de analisar as formas regulamentadas e legítimas do poder em seu centro, no que podem ser seus mecanismos gerais ou seus efeitos de conjunto. Trata-se de apreender, ao contrário, o poder em suas extremidades, em seus últimos lineamentos, onde ele se torna capilar; ou seja, tomar o poder em suas formas e em suas