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Dupla negação — Ciência Hoje
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Dupla negação
Em sua coluna de set embro, o linguist a Sírio Possent i analisa sent enças como ‘Não sou de ninguém’, que cont ém duas palavras negat ivas. Para muit os, const ruções desse t ipo t eriam um sent ido afirmat ivo. O colunist a most ra que não.
Por: Sírio Possenti
Pu blica do em 2 6 /0 9 /2 0 1 4 | A t u a liza do em 2 6 /0 9 /2 0 1 4
‘Nã o ex ist e n in g u ém ig u a l à Na n cy ’, fr a se ex t r a ída de t r a du çã o da obr a ‘A sa n g u e fr io’, do escr it or n or t e-a m er ica n o T r u m a n Ca pot e
(1 9 2 4 -1 9 8 4 ). Mu it os con sider a m qu e con st r u ções com du pla n eg a çã o t er ia m sen t ido a fir m a t iv o. (fot o: T h a ís Scu issia t t o Ma cedo)
Um dos equívocos periodicamente mencionados à socapa em programas de ensino televisivo de língua portuguesa diz respeito à mal descrita dupla negação, como em Não vi nada / Não vi ninguém. Há quem pense, mal contrabandeando sentenças algébricas, que a frase significa ‘vi tudo
/ todos / alguns’, já que (eles têm certeza!) a dupla negação equivale a uma afirmação.
Faço algumas observações iniciais, depois desenvolvo o argumento central: 1) o fenômeno da dupla negação, em português, é muito circunscrito; só ocorre quando há um pronome negativo no final da sentença (nada, ninguém, nenhum etc.); 2) só funciona em orações ativas; na respectiva passiva, ela desaparece (ver abaixo); 3) a regra vale apenas para o português culto, porque há variantes que aceitam outras construções (Ninguém não viu quando ele chegou); 4) há dupla negação também em inglês, em variedades não cultas, como I can´t eat nothing.
Há quem pense, mal contrabandeando sentenças algébricas, que a dupla negação equivale a uma afirmação Vou especificar melhor uma das afirmações acima. Se admitirmos que a estrutura básica é representada por casos como Eu vi um