Doutor
(No estudo das criaturas não se deve exercer uma curiosidade vã e passageira, e sim ascender em direção ao que é imortal e duradouro.)
Sto. Agostinho, De Vera Religione
Prefácio
A ordem da história emerge da história da ordem.
Todas as sociedades carregam o fardo de, sob condições concretas, criar uma ordem que atribua ao fato de sua existência um significado, em termos de metas divinas e humanas. E a busca pelas formas simbólicas que expressam adequadamente este significado, enquanto imperfeita, não constitui uma série de fracassos. Pois as grandes sociedades, começando com as civilizações do antigo Oriente Médio, criaram uma seqüência de ordens, ligadas inteligivelmente entre si como avanço, ou recuos, até uma simbolização adequada da verdade sobre a ordem do ser da qual a ordem da sociedade é uma parte. Isto não significa dizer que cada ordem sucessiva é claramente discernível como um progresso ou um regresso em relação às ordens precedentes. Pois novas intuições sobre a verdade da ordem podem ser alcançadas em alguns aspectos, ao mesmo tempo em que o próprio entusiasmo e paixão do avanço projetam uma penumbra sobre as descobertas do passado. A amnésia em relação a conquistas passadas é um dos fenômenos sociais mais importantes. Porém, apesar de que não há um padrão simples de progresso ou de ciclos ao longo da história, o processo como um todo é inteligível como a busca da ordem verdadeira. Esta estrutura inteligível da história, no entanto, não será encontrada na ordem de qualquer uma das sociedades concretas que participa do processo. Não é um projeto para a ação humana ou social, mas sim uma realidade que só pode ser vista em retrospecto, no fluxo de eventos que se estende, através do presente do observador, indefinidamente até o futuro. Os filósofos da história se referiram a esta realidade como a