documentario estamira
Pautada na ética do desejo, a psicanálise possibilita um posicionamento relacionado à estruturação do ser, que se dá através do contato com o outro. Neste sentido, o que nos constitui subjetivamente, tem relação ao momento histórico e cultural que vivemos. O status do louco é definido socialmente (Foucault, 1961) – o doente mental legitimado em uma sociedade pode não ser tomado como tal em outra cultura. Louco é aquele que a sociedade reconhece como tal (Pelbart, 1989). Todavia, o discurso psiquiátrico, em nome de uma ciência neutra e pura, considera, em sua grande parte, a condição biológica como transcendente à realidade social, cultural e psicológica. Assim, há uma busca pelo enquadramento e restabelecimento de um determinado padrão de normalidade e saúde mental para uma boa convivência social, determinada por princípios morais de juízos de valor. Se na Antiguidade o doente mental era visto como possuidor de forças malignas, na modernidade este é entendido como portador de um distúrbio genético ou cerebral que toma posse de sua lucidez e razão. O caso de Estamira revela de que maneira o entrelaçamento social de exclusão reflete na condição do sujeito. Diagnosticada com esquizofrenia, ela representa, assim como o