Documentário Estamira
Este documentário possibilita um entendimento e uma reflexão sobre a saúde mental e a construção histórica da loucura.
Estamira não tem papas na língua. Sua revolta surge misturada com seu delírio, o qual tem a lucidez de apontar alguns traços do sintoma social de nosso tempo.
Cada sociedade possui ideias definidas acerca de como deve ser o modo de agir, pensar e sentir dos loucos. Há limites para a expressão da loucura. E isto significa que a loucura, é uma criação cultural. Ao dizer que há modelos sociais de loucura significa que o individuo não enlouquece segundo seus próprios desígnios, mas segundo um quadro previsto pela cultura da qual é membro.
Estamira nos fala do “trocadilo”, que para ela “Trocadilo é Deus ao contrário!”, é o homem que explora outro homem, e fala “A minha missão, além de eu ser Estamira, é revelar a verdade, somente a verdade. Seja mentira, seja capturar a mentira e tacar na cara, ou então ensinar a mostrar o que eles não sabem, os inocentes… Não tem mais inocente, não tem. Tem esperto ao contrário, esperto ao contrário tem, mas inocente não tem não.”
É do lixo e no lixo que ela passa a viver. É no lixo, com todo o seu mal cheiro e possibilidades de doenças, que ela encontra seu habitat, suas referências pessoais, amigos e colegas, seu trabalho, sua educação, seu lazer, sua vida.
João Frayze-Pereira, no livro “O que é loucura”, caracteriza a doença mental como uma feição de uma entidade natural manifestada por sintomas; e cita como exemplo “alterações” do pensamento, da linguagem, da motricidade, da