No entanto, hoje em dia, quase todas as religiões admitem o transplante de órgãos, tecidos ou partes do corpo humano, para fins de tratamento, porque todas têm em comum os princípios da solidariedade e do amor ao próximo, que caracterizam o ato de doar, deixando ao critério dos seguidores a decisão de serem doadores ou não.[3] O catolicismo aceita a doação de órgãos, como se pode constatar da mensagem feita pelo Papa João Paulo II aos participantes do XVIII Congresso Internacional de Transplantes, realizado em Roma, em agosto de 2000: “Os transplantes são um grande avanço da ciência a serviço do homem e não são poucas aquelas pessoas que hoje devem suas vidas a um transplante de órgãos. A técnica de transplantes tem se afirmado progressivamente como um instrumento válido para atingir o principal objetivo de toda a Medicina – servir a vida humana. Por essa razão, em minha Carta Encíclica Evangeliumm Vitae, sugeri que um modo de nutrir a genuína cultura da vida “é a doação de órgãos, realizada de um modo eticamente correto, com uma perspectiva de proporcionar a recuperação da saúde, e até mesmo da vida, a doentes que algumas vezes não têm outra esperança” (nº 86)” O islamismo[4] também não rejeita os transplantes, por ser considerada a religião da misericórdia. O islã dá ênfase à salvação de vidas (Alcorão 5:32). Para o Sheik Aly Abdoune, presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica da América Latina (WAMY) diz que “a religião islâmica aceita e incentiva a doação de órgãos, após a morte do indivíduo, desde que haja permissão do doador e da família e que a doação não ocorra por comércio”.[5] O hinduísmo[6] também não se opõe ao transplante de órgãos, pois, segundo os Brahmanistas “uma pessoa se torna boa por atos bondosos e má por atos malévolos” (LEITE, 2005). Da mesma forma, o judaísmo[7] não se opõe à doação de órgãos. Para a religião judaica há a exigência de que na remoção de