Doação de órgaõs
DOADOR DE ÓRGÃOS POST MORTEM: UMA VONTADE
SOBRESTADA PELO ART. 4º DA LEI 9.434/97.
Monografia de Conclusão de Curso de pós graduação lato sensu em Ordem Jurídica e
Ministério Público da Escola Superior do
Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios.
Orientadora: Prof. Mônica Queiroz
Brasília-DF
2009
Dedico este trabalho à minha querida filha Érica de Araújo
Loureiro, falecida em 10 de outubro de 1994, aos 26 anos de idade, em virtude de acidente de trânsito. Érica com seu sorriso fácil, brincalhona, era dotada de uma personalidade forte, onde a determinação e o espírito de luta deixavam transparecer uma mulher batalhadora, lutadora e desprendida. Declarou ser doadora de órgãos em vida e, em respeito a sua vontade, seus rins e suas córneas foram doados para receptores anônimos, na certeza de que contribuiu para que alguém, através deles, tivesse a saúde restituída e a oportunidade de viver com dignidade.
Um dia, um doutor determinará que meu cérebro deixou de funcionar e que basicamente minha vida cessou. Quando isso acontecer, não tentem introduzir vida artificial por meio de uma máquina. Ao invés disso, dêem minha visão ao homem que nunca viu o sol nascer, o rosto de um bebê ou o amor nos olhos de uma mulher.
Dêem meu coração a uma pessoa cujo coração só causou intermináveis dores. Dêem meus rins a uma pessoa que depende de uma máquina para existir, semana a semana. Peguem meu sangue, meus ossos, cada músculo e nervos do meu corpo e encontrem um meio de fazer uma criança aleijada andar. Peguem minhas células, se necessário, e usem de alguma maneira a que um garoto mudo seja capaz de gritar quando seu time marcar um gol, e uma menina surda possa ouvir a chuva batendo na sua janela. Queimem o que sobrar de mim e espalhem as cinzas para o vento ajudar as flores nascerem. Se realmente quiserem enterrar alguma coisa, que sejam as minhas falhas, minhas fraquezas e todos os