Quarta Parte René Descarte acreditava que para dedicar-se apenas a pesquisa da verdade deveria rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor duvida, para ver se não restaria algo em seu crédito que fosse completamente incontestável. Ao considerar que os nossos sentidos as vezes nos enganam, ele quis presumir que não existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E por existirem homens que se enganam ao racionar e cometem paralogismo, rejeitou como falsas todas as razoes que ele tomara, achando que estava sujeito a se enganar como qualquer outro. Porém, ele percebeu que ao mesmo tempo que ele queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que ele , que pensava, fosse alguma coisa. E ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições não seriam capazes de lhe causar abalo, sendo assim este seria o primeiro principio da filosofia que ele procurava. Ao analisar com atenção o que ele era, percebeu que pelo fato mesmo de ele pensar em duvidar da verdade das outras coisas, resultava com bastante evidencia e certeza que ele existia, compreendendo que ele era uma substancia cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que para ser não necessita de lugar algum, nem depende de qualquer coisa material. De maneira que ele acreditava que esse eu, ou seja, a alma, por causa da qual sou o que sou ( ele era o que era), é completamente distinta do corpo e, mesmo que este nada fosse, ela não deixaria de tudo o que é. Depois disso ele viu que nada há no eu penso, logo existo, que lhe de a certeza de que ele diz a verdade,mesmo que para pensar é preciso existir, então conclui que poderia tomar como regra geral que as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras, havendo somente alguma dificuldade em notar bem quais são as que concebemos distintamente. Havendo refletido a respeito daquilo que ele duvidava, e vendo que seu ser não era