Direitos Humanos-O desafio da interculturalidade
direitos humanos NavaNEthem Pillay
Boaventura de
Sousa Santos
Leonardo Sakamoto
Marcus Barberino
Paulo Sérgio Pinheiro
Silvia Pimentel
Nilmário Miranda
José Geraldo de
Sousa Júnior
Horácio Costa
João Roberto Ripper
Paulo Betti
02 junho 2009
Direitos Hum
o desafio
Boaventura de Sousa Santos
A
Revista Direitos Humanos
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Boaventura de Sousa Santos é professor catedrático da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, distinguished legal scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e global legal scholar da
Universidade de Warwick. É diretor do Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, diretor do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma universidade e coordenador científico do
Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
Este artigo foi resumido de um ensaio maior por
Erasto Fortes Mendonça, com autorização do autor
forma como os Direitos Humanos se transformaram, nas duas últimas décadas, na linguagem da política progressista, em quase sinônimo de emancipação social causa alguma perplexidade.
De fato, durante muitos anos, após a Segunda Guerra Mundial, os Direitos Humanos foram parte integrante da política da guerra fria, e como tal foram considerados pelas forças políticas de esquerda. Duplos critérios na avaliação das violações dos Direitos
Humanos, complacência para com ditadores amigos do Ocidente, defesa do sacrifício dos
Direitos Humanos em nome dos objetivos do desenvolvimento – tudo isso tornou os
Direitos Humanos suspeitos enquanto roteiro emancipatório. Quer nos países centrais, quer em todo o mundo em desenvolvimento, as forças progressistas preferiram a linguagem da revolução e do socialismo para formular uma política emancipatória. E no entanto, perante a crise aparentemente irreversível desses projetos de emancipação, são essas mesmas forças que recorrem hoje aos Direitos Humanos para reinventar a linguagem da