diferença
O rádio é o meio de comunicação de massa menos estudado até a presente data. A bibliografia internacional sobre o objeto é pequena, dispersa e bastante precária em alguns aspectos. A questão da linguagem do rádio é um dos pontos em que essa literatura é ainda bastante insatisfatória.
Cem anos depois da apresentação pública da invenção de Marconi, e três quartos de século desde que a primeira emissora regular de radiodifusão entrou em funcionamento, continuamos sem definir esta linguagem em sua especificidade. Ou, em outras palavras, continuamos sem compreendê-la.
Dois fatos recentes protagonizados por indígenas brasileiros ajudam a compreender um pouco melhor os valores da nossa civilização. O primeiro é o gravador do Juruna: um cacique xavante chamado Juruna cansou de negociar acordos com o governo. O homem branco nunca cumpria o que prometia. Juruna passou a andar com um gravador a tira-colo, gravando tudo o que os políticos lhe diziam para depois poder cobrar. O gravador do Juruna teve um grande efeito mediático e virou um símbolo contra a malandragem dos políticos. O cacique entrou assim no mundo da política do homem branco, foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro e se tornou uma celebridade internacional pelas mãos do cantor
Sting. Mas não conseguiu, com suas gravações, fazer com que os brancos cumprissem o que diziam.
Com base nesta experiência, uma outra tribo da amazônia sequestrou alguns funcionários do governo para que esse atendesse as suas reivindicações. Mas desta vez não houve conversa que os convecesse a libertar os reféns: só o fizeram quando suas exigências sairam publicadas no Diário
Oficial da União. Os índios aprenderam que no mundo dos brancos só vale a escrita.
No mundo de língua portuguesa a