Desclassificados do Ouro: A pobreza mineira do século XVIII
Nesta obra a autora tentará evidenciar, através das análises voltadas para a Região Mineira do século XVIII, calcada na extração aurífera, o engendramento de um número significante de desclassificados – visto como vadios e perniciosos ao “Estado” – na órbita do sistema colonial.
Laura de Mello começa sua obra elucidando de que durante a Idade Média os pobres eram visto como coitados, sendo eles os principais focos das doações dos mosteiros. No entanto, tal realidade irá mudar graças às transformações do século XII, que irá desencadear posteriormente ao advento do mercantilismo. O pobre, a partir de então, passa a ser uma categoria cada vez maior desembocando assim, em um problema social, uma vez que se tornavam numerosos demais.
“Verificando-se no seio de uma formação social produtora de valores de uso, a expansão do setor mercantil provocava a dissolução gradativa dos laços servis e libertava um número de pessoas superior à capacidade de absorção do sistema”.1
Nesta lógica a autora nos evidencia a importância que tiveram as conquistas marítimas e a descobertas de novas terras, uma vez que elas representaram um lugar de “desova” para tais vadios, cada vez mais visto com olhares de desdém.
No caso do Brasil, as condições estruturais da sociedade colonial, que se apoiava na monocultura para exportação e nas relações de produção calcadas no escravismo, foram imprescindíveis para a composição de um número grande de desclassificados, uma vez que o trabalho escravo impedia maiores possibilidades de utilização da mão-de-obra livre. No entanto, mesmo em tais condições, o número de homens livres, visto como vadios, aumentava no período colonial.
Embora a palavra “vadiagem” tivesse diversos sentidos naquela sociedade – como, por exemplo, para designar indivíduos que não eram inseridos na estrutura de produção colonial; ou que não tinham dinheiro; ou até então para