Resenha do livro: "os desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século xviii" a dicotomia do pobre nas minas gerais do século xviii em sua quarta edição, revista e ampliada, excelentemente encadernado, com farta
ANASTASIA, Carla. A geografia do crime: Violência nas Minas Setecentistas. Belo Horizonte:Editora UFMG. 2005.
A obra A Geografia do crime – Violência nas Minas setecentistas foi elaborada pela professora do departamento de História da UFMG Carla Anastasia. Utilizando-se dos mesmos procedimentos teórico-metodológicos de sua obra anterior, Vassalos Rebeldes, a autora procurou analisar o comportamento de determinadas quadrilhas localizadas nos sertões mineiros, áreas onde o poder da Coroa não conseguia penetrar.
A obra consolidou algumas análises já trabalhadas pela autora em palestras, artigos ou capítulos de livros, mesmo que um e outro possa ter partido de perspectivas opostas. Mas o que importa é o seu grande empreendimento em relacionar os espaços da violência com fatores essencialmente político-administrativos.
Anastasia procurou defender a tese de que a indisciplina e o descompasso na ação das autoridades mineiras colaborou de forma decisiva para a generalizada desorganização administrativa, os variados conflitos, os levantamentos da população e as dificuldades da Coroa em submeter a população da capitania mineira (Anastasia, 2005: 47). A manutenção do equilíbrio social, nessa região, esbarrou na autonomização burocrática.
Seguindo essa premissa, a autora procurou reconhecer a forma pouco consensual de se tratar a política colonizadora e a administração portuguesa. No entanto, há certo consenso quando se fala do sucesso da imposição da ordem pública e a eficácia do aparelho burocrático repressivo e fiscalizador nas Minas setecentistas. Raymundo Faoro e Caio Prado Júnior são exemplos dessa posição. O primeiro considerava que a camada dos fiéis agentes da Coroa conseguiu neutralizar os diversos tipos de violência nas Minas. O último, apesar de relativizar a posição de Faoro, não considerou a indisciplina dos funcionários reais, e sim da população colonial.
Os autores que mais se aproximaram de uma apresentação mais